março 27, 2007

Religioes

Vamos pegar num tema sempre actual, a Religião (ou as religiões).

É certo e sabido que, desde que o princípio da Humanidade, sempre houve a necessidade de conceber deuses, de divinizar tudo o que fugisse à normalidade conhecida, de personificar as forças da natureza, etc. Se por um lado era uma tentativa de compreensão dos fenómenos, por outro era o desejo profundo pela existência desses seres superiores, efectivos, guias e protectores. A consciência realista da nosso poder inferior perante os caprichos de um mundo em permanente mutação assim como dos seus viciosos ciclos naturais, torna só por si bastante razoável essa necessidade de procurar respostas no sobrenatural.
Acontecimentos como os eclipses eram considerados como uma manifestação da Ira dos deuses; ou sempre que se esperava chuva, faziam-se rituais propiciatórios, danças colectivas que hoje podemos chamar de bizarras, próprias de alguém sob o efeito de alucinogénios...mas faziam parte daquilo que poderá ter sido o início do culto do desconhecido, do início das religiões.
Regra geral, antes da 'marcha triunfal' das grandes religiões, como o Cristianismo ou o Islão, era banal adorarem-se vários deuses. Na Grécia Antiga, os deuses eram tantos quantos os que a imaginação permitia, penso até que muitos deles foram criados em momentos repentinos de inspiração e com muito álcool à mistura. Havia o grande deus dos céus, o deus dos mares, o deus da terra e o deus do fogo, que eram os principais, havendo ainda todos os seus subordinados, deuses do lar, da caça, da sabedoria, da beleza, disto e daquilo, havendo até o muito famoso deus do vinho (aposto que é mais conhecido que o próprio Poseidon (ou Neptuno), porque entre vinho e água...a escolha parece-me óbvia). E o mais interessante é que estes deuses possuíam virtudes e defeitos, à semelhança dos humanos, tinham até humores bastante especiais, o que, em muitos casos, até ajudava ainda mais à sua ascensão ao estrelato, à semelhança com um actor de hollywood, que quanto mais semelhanças tiver connosco, mais próximos dele no sentimos e mais o adoramos. Convenhamos que entre a história de uma Angelina Jolie (apesar de linda), filha de actores, rica desde que viu o sol pela primeira vez, e a história duma, quiçá, Jennifer Lopez, vinda directamente do Bronx, que triunfou por mérito próprio (opiniões à parte, o que interessa é que se deu bem p'ra caramba), esta última transmite uma magia diferente.
Mas voltando ao assunto primordial, é interessante perceber que, ao longo dos tempos, as religiões se foram simplificando. Do Politeísmo partimos para o Monoteísmo. De deuses temperamentais, partimos para um Deus austero. E parece-me a mim que a unicidade de Deus foi, sem dúvida, uma religião criada para minorar cismas e divisões. É mais simples, tu adoras o mesmo deus que eu, não temos chatices. Enquanto seria de esperar que os adoradores de Baco e os adoradores de Hermes (por exemplo) andassem à batatada porque enquanto um era boémio o outro era romântico (enfim...pode parecer um exemplo ridículo, mas apesar de ser apenas uma ilustração, o que não falta na história das religiões são acontecimentos ridículos), os adoradores do único deus existente não têm esse tipo de constrangimentos.
E a conclusão que eu tiro deste mesmo pensamento, é que a nossa luta, neste século e no outro que há-de vir, se deveria concentrar em unir cada vez mais as religiões e unificar cada vez mais os deuses por aí "espalhados". Entendamos Jesus Cristo, Maomé, Krisna e todos essas personalidades, como discípulos de um mesmo deus, portadores de uma mesma mensagem, porque no fundo, a mensagem é realmente muito próxima, senão a mesma. Na evolução das ditas religiões é que está a verdadeira distinção. Todas as religiões nascem no espiritualismo, embora acabem por se extinguir no materialismo, tornando-se exterior ao homem. As divisões criadas pelas mesmas, ou melhor, as divisões criadas pelo homem em nome das mesmas, afastam-no do verdadeiro ideal. Por um deus lutou-se por terras, por títulos, por tesouros e, assim, por um deus cortaram-se cabeças, queimaram-se livros, saquearam-se cidades e exterminaram-se povos inteiros. E no fim, o homem percebeu que, ao querer tanto ver esse deus, essa religião materializada em coisas, deixara de a sentir dentro de si.
Um Hip-Hip-Hurra para aqueles que vêm na mensagem de Jesus Cristo um ideal a seguir, ao mesmo tempo que se debruçam sobre a filosofia Budista, e que ainda assim esperam, como os Judeus, a vinda do grande Profeta, deixando um espaço para o cepticismo e o racionalismo 'clínico', respeitando a palavra igualmente importante da Ciência. Um Viva para aqueles decidiram adorar o sol e todos os astros, pela sua presença constante, sem puxar da espada (ou da pistola, ou do sabre, ou da faca de cozinha...) e sem menosprezar os outros Credos. A benção para todos os que seguem a simples religião da Alegria, amando todos os pequenos detalhes em todos e em si mesmos...porque simples, simples, simples, é viver sem esperar nada, esperando tudo.

Ana Luelmo

1 Comments:

At 3:43 da tarde, Blogger Aragana said...

Grande post!

E ainda bem que estamos a entrar na Era de Aquário!
(segundo a astrologia, tudo isso foi provocado pela Era de Peixes)

 

Enviar um comentário

<< Home