agosto 14, 2006

Ferias, as aliadas do tedio!

Eu tenho um dom raro. Tenho o dom de me fartar de estar em férias, enquanto todas as outras pessoas dizem "só mais uns dias, por favor".
Quando era um pequeno pinjente, as férias de Verão pareciam-me bem mais longas que agora, mas eram vividas até ao último dia com grande satisfação. Porque quando se é um pequeno, é facil encontrar divertimento em qualquer lado e com qualquer coisa. A felicidade era qualquer coisa como uma mão cheia de terra, um casaco de algodão acabado de lavar ou uma boca cheia de pipocas...
Ainda me lembro, como se fosse hoje, das noites que passava no meu quarto a deambular com bonequinhos minúsculos dentro de casinhas mais minúsculas ainda... Lembram-se das Polly Pocket? Hoje pergunto-me onde está a piada. Não sei como não ficava com paralisia nos dedos com o esforço que era preciso para agarrar naquelas bonecas micras. Embora as mãos também fossem outras.
Ou então eram as Barbies...com as quais não chegava, propriamente, a brincar, pois ficavam jogadas a um canto enquanto me entretinha a montar enormes casas pelo chão a fora, com elaboradas decorações. E depois de tudo montado, geralmente, perdia a piada. Até porque as Barbies têm aquele sorriso idiota que não lhes confere inteligência alguma, com o qual nunca me senti muito familiarizada. Mas de uma brincadeira saltava para outra, e para outra. E se os meus irmãos não entrassem quarto adentro para pegar fogo ao meu armário ou esmurrar um qualquer boneco, as brincadeiras só se esgotavam quando caía para o lado com sono. E quando não tinha qualquer brinquedo comigo, como quando ia para o Algarve e não levava nada, percorria montes e vales na minha binacleta ou confraternizava com cães sarnentos. E foi assim que apanhei a febre da carraça, da qual me posso orgulhar de me ter safado! E a felicidade estava a um palmo de distância, era simples e óbvia. Se não era felicidade...eu aceitava-a como sendo.
E agora... agora estou aqui a despejar memórias às 4h30 da manhã, com o canal people+arts a cibilar no fundo (porque eu também tenho o dom de substituir facilmente o dia pela noite). Continuamos a amar os detalhes, mas os detalhes parecem já não chegar. E quando se tem todos os amigos espalhados pelo globo, de férias, o irmão fora e os pais cansados... oramos para que venha de novo a rotina, os dias a começarem cedo e a acabarem tarde... mas sempre na companhia das melhores gargalhadas, com muitos trabalhos para espevitar a criatividade e fazer o sangue correr. Ai ai...

Ana Luelmo

2 Comments:

At 5:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mal vai a moenga quando se começa a dizer kantigamente é ka vida era mais bela...
Ke tal fazer alguma coisa para a moldarmos ao noso jeito, em vez de esperar o que possa cair-nos em cima?
Eu também sei prever o futuro. E leio nas manchas de mijo que a Lira deixa pelo chão que, se a autora entediada preparar com um côxe de antecedência o regresso à "rotina criativa" - por exemplo, estudando praquele exame que só na véspera se vai saber quando é - as suas perspectivas serão muito mais gratificantes. E o tédio talvez se espante!

 
At 5:32 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Espera amiga, espera, até te tornares (espero que não) uma dona de casa desesperada que nao consegue ter nem sequer 5 minutos para se coçar porque o puto berra e o marido grita e o jantar tem que ser feito e a roupa engomada e etc etc etc para começares a dar valor às férias e à duração das mesmas....



Quer dizer... ou isso ou dás desde já valor aos anti-concepcionais.

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:)

Beijinhos

p.s: Fiquei contente com a quantidade (quase) chocante de posts novos que encontrei!!!!

 

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