janeiro 12, 2007

Sono, soninho, para que te quero?

Estou com sono, mas luto contra ele. Todos nós já pensamos na vida que se perde a dormir. E no entanto, de manhã, a única coisa que se pede ao acordar são "mais cinco minutos".
Fazendo bem as contas, de acordo com as estatísticas, se nós passamos quase metade da nossa vida a dormir, então eu não vivi 20 anos, mas sim apenas 10 ou uns 12 na melhor das hipóteses. E dou por mim com 12 anos, neste momento, porque apesar do meu corpo ter 20 anos e "troca o passo", a minha autonomia, a minha existência enquanto ser pensante, criativo e produtivo tem apenas meia dúzia. Não é estranho?
Esta questão surgiu porque me lembrei que daqui a menos de um mês completo 21 Primaveras...e questionei-me onde foram parar tantos anos que não dei por eles. E a resposta encontrei-a agora: algures no limbo dos lençóis, entre monstros de sete cabeças, principes encantados e buracos negros. Passamos metade da vida num verdadeiro apagão. Mas não é um apagão como o que houve em Nova Iorque há umas décadas atrás, em que as pessoas até acabaram por se divertir mais do que o previsto, mas um estado que se pode considerar solitário, ignóbil e vegetativo.
Podiamos ser como os telemóveis, ligavamos o rabo numa tomada qualquer e enquanto recarregavamos baterias estavamos a fazer o jantar, a ver televisão, a falar com os amigos, a jogar às cartas...(isto já parece aqueles anúncios da Tv Shop, que vendem aparelhos de ginástica fantásticos: "Com SwerlyWonderMatrix, você pode exercitar-se em qualque lado, enquanto lê uma revista ou vai ao centro Comercial"). Mas isso seria se fossemos mecanicos, autómatos...mas como somos seres orgânicos, podiamos viver da luz solar, como as flores. De dia carregavamos, e à noite a 'bateria' continuava funcional. E quanto quisessemos hibernar fechavamo-nos num cubiclo escuro!... Ok, isto não será boa ideia para os claustrofóbicos, nem para o que têm medo do escuro...e realmente não seria lá muito interessante... Vendo bem as coisas, a capacidade de dormir, de desligar, pode ser muito conforável.
Duma coisa eu sei: é maravilhoso sentir o cansaço, sentir as costelas amassadas num edredão fofo e quente, com a cabeça afundada em três almofadas... aquele estado meio-dormente no qual nos começa a surgir um turbilhão de ideias sem sentido, enquanto sentimos a alma sair do corpo e pairar...nunca o sentiram? É uma experiência extra-sensorial, que nos ultrapassa a nós mesmos, e nos parece aproximar do eterno e do divino. O sono será pobre em realidades, mas rico em sensações...pelo menos essa primeira fase. Depois, o breu invade a planície...e se, pelo menos no meu preguiçoso caso, não houver um despertador funcional, pode prolongar-se tempo demais...e acordar às 15h é recorrentemente muito deprimente...
Por falar nisto, vou dormir, para não acordar com os pássaros a recolher.

Ana Luelmo

3 Comments:

At 4:51 da tarde, Blogger rojone said...

bom texto.. da realmente k pensar.. continua a postar.. passa pelo quinxaca.blospot.com ;) **

 
At 10:24 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ando por aqui outra vez.... beijocas

 
At 3:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E que tal se tivessemos uma mola que nos tirasse da pasmática hibernação?
Dormir, dormir, dormir muito, pode queimar os fuzíveis e fazer adiar ou passar adiante muitas das coisas boas da vida, embora confesse que também é muito bom, quando a dormir, somos transportados a outra dimensão, onde a nossa alma ou a nossa ideia, num longo caminho no imaginário, se transforma em realidade.
Bjs

 

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