janeiro 31, 2007

O Amooooorrrrrrrrr

Aposto que já ficaram espantados só com o título, mas espero espantar-vos ainda mais.
Hoje escrevo-vos um Ode ao Amor. Porquê? Porque sim, porque é ele que nos move, porque é ele que nos motiva, porque é puro e porque é bom. Porquê...? Porque sim. Já dizia Platão, ou Aristóteles (um desses gajos bem antigos), que antes de tudo, antes da terra e do sol e do homem, teve de existir uma ideia primordial, que está na base de toda a criação e de toda a filosofia: o Amor. Sem ele nada do resto poderia ser criado.
O Amor pode até ser despojado de inteligência, mas é desejoso de possuir mais, sempre mais. É capaz de nos ajudar a alcançar a inspiração infinita na direcção de um além que nos transfigura.
Claro está que Platão (ou Aristóteles) se referiam a um tipo de Amor, ao Amor pela Existência, pela o Início, pelas Coisas, pelo principio da Alma, Amor pelo Belo, não como atributo de mil e um objectos, mas pela Beleza em si.
Mas sendo mais objectiva e falando o nosso português...isto é, falando no Amor na acepção mais recorrente, todos concordam que quando o sentimos, vivemos aquele estado meio aparvalhado, em que deixamos de ter os pés no chão e apanhamos boleia dum balão qualquer, e sobrevoamos a cidade inteira, sem lhe prestar muita atenção, porque onde estamos, verdadeiramente, é nas nuvens...tudo o que está por baixo...é mesmo e apenas isso, o que está por baixo!
Não existem grandes justificações para acontecer; gostas porque gostas, não por ser bonito ou feio, inteligente ou carismático...gostas porque...gostas! E essa a justificação mais vaga, mas ao mesmo tempo mais verdadeira. Ninguém me convence dizendo apenas "gosto porque é bonita e simpática"...mas se disserem "É magia", fico muitissimo mais elucidada. It's all about magic!
À 1ª resposta eu diria "mas bonita e simpática é também aquela e aquela e a outra, onde está a verdadeira diferença?".
É normal as pessoas criarem um esteriótipo, dizer-se que se gosta de morenos, altos, com bom senso de humor e não sei mais o quê. E o que geralmente acontece é que, ao virarem a esquina, dão de caras com um loiro, baixo e sisudo, que, de repente, se torna a 'coisa' mais atraente deste mundo, e todo aquele modelo enraizado nas nossas cabeças se desvanece. E porquê? It'a all about magic!
Morenos, loiros, ruivos, baixos, altos, gordos, magros...parece-me claro que a embalagem só tem efeito se acompanhada de uns quantos ingredientes essenciais e, principalmente, a tal componente física, as ondas magnéticas compatíveis.
E o que isto tem de bonito e lírico, tem também de castrador...porque apenas podemos esperar por ele, ou até andar à procura dele, mas não podemos fazê-lo acontecer, como, onde, ou com quem bem nos apetece. Porque se assim fosse, era muito mais fácil, embora talvez menos interessante. Não haveria tanta solidão, mas talvez não houvesse tanta oportunidade para sentir a falta, a saudade, o desejo, a ansiedade, o nervosismo, e todo esse leque de emoções mazoquistas que tanto adoramos sentir, porque estamos apaixonados.

Ana Luelmo

1 Comments:

At 10:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Como pinho selvagem, te recebo
e amo no chão de areia esolarado:
ingénuo efebo
deslumbrado

Daniel Filipe, a invenção do amor
e outros poemas

 

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