julho 13, 2006

Ode aos pombos

Pombos, pombos, pombos. Pombos, pombinhos, pombitos...esta cidade é uma pombisse pegada!
São umas aves javardas e nem cantar cantam. Portanto se queres ouvir os passarinhos chilrear, não contes com os pombos. E como são aves de cidade, normalmente são acidentadas, extropiadas, com bolbos em vez de patas, mordidos por cães e pontapeados por vagabundos. Umas coisinhas reles.
Há sempre uma razão para que as coisas existam, uma lógica qualquer na cadeia alimentar. Mas eu ainda não percebi bem a dos pombos. Se é para comer moscas, os camaleões também o fazem. Se é para caçar ratos, temos os gatos vadios. Se é para esventar morcegos.......mas porquê que os pobres morcegos haviam de ser esventrados!!??? Em suma, os pombos não servem para nada...não cantam...não são bonitos...não caçam nada em particular, comem a bosta que lhes dão, deste calhaus a miolo de pão...e...espera...o miolo do pão, é isso!! Se não fossem os pombos o miolo de pão multiplicava-se exacerbadamente e o mundo era engolido por miolos loucos! Já estou a imaginar uma manada de carcaças a descer ladeira abaixo com sachos em punho, a cortarem os pequenos bracinhos das nossas pequenas crianças... um horror! Enfim....um quadro de Dali.
Têm todas as doenças imagináveis: HIV'S, GBC'S , FRT'S, WC'S...levantam aquelas asinhas, que não são de certo de anjinhos papudos, e semeiam meia cidade de nojices. Para não falar no quão são asseados.
Mas é claro que eu não seria capaz de fazer qualquer maldade a essas pobres criaturas. Eu apenas esmago baratas (com muito gozo, confesso, desde que me atacaram a cozinha sem qualquer cerimónia). Mas para isso temos o meu avô! E lá estamos nós a trabalhar na cadeia alimentar. O meu avô é uma excelente pessoa, mas no que toca a esses pequenos bichos, ele é um tirano. Um dos hobbies perferidos dele, há uns anos, era ir para a ribeira de Odivelas atirar calhauadas aos sapos e às ratazanas..e olá se acertava em cheio! Mais tarde passou o gosto aos meus irmãos...mas felizmente eles não tinham lá muito boa pontaria. E o meu avô tem um sotão no prédio. E nesse sotão é usual aparecerem ninhos de pombos (eles lá entram por um buraco qualquer, os sacanas).
"Oh Anita, sabes o que lá tenho no sotão?"
"Não, vô, conta!"
"Pombinhos bebés! Ando a alimentá-los!"
"Oh, que fofos, a sério? Andas a dar-lhes o quê?"
"Veneno!"
Enfim, apesar de serem umas criaturas grotescas...será preciso tanto...empenho? Mas lá falta, não fazem muita. Cagam tudo. Mas só depois de ver um pombo bebé dei razão ao meu avô. Não há coisa mais feia no mundo que um pombo bebé. Parece um gremlin! Terrífico. Uma pequena besta! Tem um bico maior que o corpo, uns olhos roxos salientes. Imaginem um rato atropelado...é um pombo bebé.
E aquele andar? Aquele pescocinho p'ra trás e p'ra frente...aquele ar tremendamente estúpido, de quem substituiu o cérebro pelo último miolo de pão que comeu...é um quadro perfeito da feiura! Mas e então? Que seria daqueles velhotes que sentem uma enorme satisfação em dar milho aos pombos?
Ok, é para isso que eles servem, fez-se luz! PLIM.

Ana Luelmo