janeiro 05, 2008

Tatuagens

Elas são, quase sempre, mal vistas, mal interpretadas, são rótulos para gente malvada, delinquente, com interesses obscuros ou vidas desregradas, com uma paleta de doenças interminável e futuros incertos. Exagerei?

É verdade que o mito de que quem faz tatuagens são só os estivadores, os marinheiros ou os presidiários, já está ultrapassado...isto é, o mito foi desmitificado (se é que esta palavra existe! Porque o estúpido do meu computador não a reconhece).

Se em tempos, na nossa sociedade, eram mesmo só essas pessoas que as faziam e, em 90% das vezes, sob o efeito de álcool, hoje em dia toda a gente as faz. E nem vou meter as tribos africanas, e tantas outras, ao barulho, porque esses então...são mais tinta que gente. Sempre as fizeram, e continuarão a fazê-las. E é mesmo dos nossos ancestrais que vem a tradição. Não, não fomos nós que a inventamos, nós apenas lhes damos um aspecto mais 'Pop.'!

Como adepta ferrenha de um Mundo Livre, considero, naturalmente, que cada um é dono do seu próprio destino, do seu próprio corpo e das suas próprias ideias. A liberdade apenas termina quando começa a liberdade do outro.

Podemos fazer tatuagens, podemos acha-las lindas, mas também podemos não as fazer e acha-las horríveis! Até podemos continuar a achar que são só os estivadores que as fazem, mas aí estamos a ser estúpidos. Mas também somos livres de o ser! Sejamos estúpidos, mas livres! Podemos achar completamente idiota que alguém se proponha a passar por uma dor física para as ter, além de marcar o corpo permanentemente...podemos! O bom do nosso mundo é que podemos firmar as nossas personalidades, desenvolver as nossas capacidades e viver da forma que nos faça feliz, da maneira que nos bem entende! Mas, com tatuagens ou sem elas, o ser humano não pode ser descriminado por causa da religião, crenças, etnia, género, condição social...etc., etc., etc., essa lenga-lenga que obrigatoriamente devíamos saber de cor. Porque as nossas virtudes não se vêm através dessas condições, nem os nosso direitos podem ser prejudicados por causa delas.

Mas como tudo na vida, qualquer passo dado deve ser pensado duas ou três vezes. Não só pela tal história de termos de respeitar a liberdade do próximo, mas também para nos protegermos de potenciais desilusões. E no caso das tatuagens, há que pensar, literalmente, duas ou três vezes. É mais ou menos como se fossemos ter um filho. Se o vamos ter, temos de nos propor a cria-lo, educa-lo e, sobretudo, ama-lo, porque ele vai ser permanente na nossa vida. (E, sejamos francos, a tatuagem não nos acorda a meio da noite.)

Quando fazemos uma tatuagem temos de nos propor a aceita-la para sempre. Primeiro tem de fazer muito sentido. Depois temos de interiorizar que se, por algum razão, ela perde esse sentido, teremos de a aceitar como parte de nós. Há quem não goste dos seus olhos, mas não os pode arrancar porque são vitais... o mesmo se poderá dizer em relação a uma tatuagem! Temos de nos olhar no espelho e dizer "estes olhos fazem parte da minha identidade.." ou "Esta tatuagem faz parte da minha identidade". E não se ponham a pensar "Ah e tal posso tirar com Laser se não gostar!", porque esse é o primeiro pensamento acusatório da falta de confiança na tatuagem que vão fazer.

Eu fiz uma tatuagem há pouco tempo. Pensei muito nela, muitos meses até, antes de a fazer. É algo que tem um forte significado para mim e, sei-o à partida, que nunca vai deixar de o ter. Mas, claro, é sempre uma aventura, é sempre uma mudança, por mais pequena que seja, é algo novo que veio para ficar. Mas agora olho-a como se ela sempre tivesse feito parte de mim, como se ela sempre lá tivesse estado, porque tem um sentido muito especial, que vai além do mero adorno.

Mas fica descansada, mãezinha, que não tenciono fazer mais nenhuma! Também não gosto especialmente de ver "tapetes de Arraiolos" ambulantes. Nem faria caveiras, rosas, cruzes, fadas ou dragões. Não! Porque não acho bonito e porque não vejo sentido em fazer uma fadinha, uma borboleta ou um raio dum dragão, que é o que toda a gente faz. Mas isso sou eu... Mas tu, minha mãezinha, também terias de aceitar se eu as fizesse. E que tal um tigre nas costas, só para começar?

Ana Luelmo

5 Comments:

At 3:52 da tarde, Blogger margarida said...

um tigre? eheheh que cena! eu cá tb tenho uma, na parte de trás do pescoço =) tenho-a à 5 anos.

beijinhos *

 
At 8:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O recado é para mim? Eu é que sou retrógrada, careta e mais não sei quantas coisas?
Eu agora não faria uma tatuagem mas muito provavelmente quando era jovem, cheia de saudável rebeldia aliada a algumas modernices, talvez nem sequer pensasse duas vezes em fazer uma tatuagem. As tatuagens não estavam na moda. Somente os estivadores , os mariheiros ou os magalas, como tu disseste, marcavam o corpo.
A tatuagem que fizeste no pulso é igual à que fiz no meu coração. É tão efémera quanto eu e tão perene enquanto existir o meu pensamento.
Gosto da tua tatuagem e sobretudo gosto da carga simbólica que ela contém.
bjs

 
At 2:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E não me trates por mãezinha! É quase depreciativo....
Não há nada como a palavra mãe.
Continua a escrever.

Bjs

 
At 11:14 da tarde, Blogger Unknown said...

Tem toda a arazão. Também sou pela liberdade, no seu mais nobre sentido. O problema não são as tatuagens em si. O problema é que mal vai esta sociedade quando, para complementar o (pouco ou nada) que tem dentro de muito boa gente, necessita de adressos mais ou menos espampanantes que digam por eles que existe ali alguém. A baixa auto-estima que alimenta as modas é uma doença da alma e não se cura com tatuagens. Deveria haver antes humildade para pedir a ajuda necessária em vez da arrogância da ostentação do ferrete.
No resto, tudo bem. Viva a liberdade e a grunhice globalizante.
PIOR, ESTAVAM AS VACAS DO MEU AVÔ. Essas, coitadas, eram tatuadas a quente e não podiam sequer escolher.

 
At 4:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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