maio 08, 2007

O Jovem

O Jovem. O Jovem é um bicho que tem muito que se lhe diga… ou se calhar não! Se calhar o Jovem é, justamente, uma criatura tão simples, tão básica, que tentamos dar-lhe um quê de complexo para justificar tamanha linearidade. Mas eu vou tentar não ser nem demasiado simples, nem demasiado complexa.

Jovem que é jovem, bebe…e bebe muito. (então… eu tenho 40 anos! Mas ok, eu escrevo um blog, e jovem que é jovem tem um blog, portanto, menos mal). E o Jovem bebe porque é fixe, porque é baril, ‘tás a ver? Porque é bueda totil, e quês…! Isto é, a maioria é assim. Depois há mesmo uns quantos que ganham real amor à pinga. Mas assim um amoooor que bate qualquer Romeu e Julieta. Se Shakespeare fosse vivo havia de triunfar com uma peça tipo “Godofredo e o tintól”. Mas adiante!

A história que se segue é apenas a de um episódio possível na vida de qualquer jovem que se preze. Quem, tirando eu, não esteve já na mesma situação? (Mande a sua história para - nãomeinteressa@gimail.com)

Pois que, nesta última 6ª, em mais uma incursão ao Bairro Alto, me deparo com um cenário interessante. Pensando bem, “interessante” é um termo carinhoso… mas não sei como adjectivá-lo melhor.

Chegando às Primas, ali como quem sobe da Rua da Atalaia (e quês…), vejo umas quantas caras conhecidas, a quem digo um simpático “olá, tudo bem, beijinhos à família”… mas, eis senão quando, vejo algo estirado no chão, com muita gente de volta. Depois reparei que a “coisa” respirava. Depois reparei que a “coisa” era, efectivamente, uma pessoa. Depois pensei: “OH, mais um palermóide que resolveu beber além da conta e que agora deve estar com a Alice no País das Maravilhas.” Só depois, passados uns minutos, reparei….”Hei, eu conheço aquela pessoa!”. E assim começa a Odisseia.

Havia vários problemas, e o jovem estirado no chão, a babar a calçada, era apenas um deles. Não digo nomes porque seria indelicado e…bem…quem não sabe agora quem é ‘o Jovem’ há-de saber mais tarde ou mais cedo. Porque há cenas que viram histórias, histórias que viram mitos, mitos que viram parábolas…e qualquer dia, temos um livro de autor intitulado “E você, onde estava a 4 de Maio?”

Mas como dizia, o jovem estirado no chão era apenas um dos problemas, porque a barracada que se instaurou superou tudo. Imaginem um funeral de ciganos. Ok, funeral é demasiado macabro…digamos antes uma manifestação de ciganos. Era mais ou menos esse o cenário.

“Aaaiiiiiiiiiiiiiiiiiii não toquem no miúdo”

“Dá-lhe chapadas, chaval, dá-lhe chapadas!”

“Chamem uma ambulâaancia”

Não vou dizer que não fiquei preocupada…mas…seria necessário estarem 20 macacos em cima do miúdo, a bafejar na cara dele? Desapareçaaammm! Deixem-no doooormir!

De tromba no chão, se for preciso! Qué para aprender! (ok, só digo isto porque ele está de boa saúde nos dias de hoje.)

Era um Vai e Vem de almas caridosas a querer ajudar (ou desajudar) e a dada altura já o tentavam levar não sei para onde, cada um com direito a uma perna ou a um braço; houve quem ficasse apenas com as calças, que entretanto iam ficando para trás (se ao menos fossem de marca…); E eu dei por mim a pensar “ele vai ficar constipado”…como se isso fosse alguma coisa perante o estado em que ele já estava. Enfim… Mas andaram apenas um metro, para sorte dele, porque senão ia conhecer o Bairro Alto todo num novo ponto de vista, não muito agradável.

Mas o melhor da festa foi quando alguém resolveu dar uma estalada “de meia-noite” à criatura inanimada e esta se levantou que nem saltitão a sair da caixa, e começou a grunhir como se não houvesse amanhã, distribuindo murros no ar (Desta vez pensei: ‘este gajo tinha jeito para fazer um filme de Época’). Não sei ao certo se alguém levou por tabela, só sei que se criou um perímetro de segurança à volta dele, em questão de segundos. E foi quando decidi que já tinha visto o suficiente e me fui embora.

Claro está que é tudo motivo para uma boa gargalhada no dia seguinte (ainda que com um saco de gelo na cabeça).

“Ah e tal, sou bueda maluco e quês…!”

Mas, como diria o Bruno Nogueira no seu brilhante anúncio a uma cerveja qualquer (porque anúncios de cerveja chamam-me tanto à atenção como os anúncios ao sabão macaco), tenham calma, sejam responsáveis, que para o ano há mais!

De resto, as restantes conclusões desta parábola…haaAAummmm….fica ao seu critério.

Ana Luelmo

maio 01, 2007

Oh! Caldas...

Não sei quem é que tanto chama o Caldas. A bem da verdade não sei sequer quem é o Caldas, se é que é alguém. Só sei que há jantares memoráveis, e este que vou relatar foi...no Oh! Caldas.

Imaginem-se a comer bifinhos com cogumelos (não sabem fazer outra coisa..?) numa espécie de varanda de madeira que ameaça ruir a qualquer momento. E claro que, quando se convida cerca de 40 pessoas e aparecem 50, a coisa torna-se mais confusa do que já se previa. Quer dizer... ninguém me confirmou que havia perigo meter 50 pessoas, mais mesas e cadeiras, mais 3 ou 4 empregados e respectivas bandejas a deambular numa estrutura com um metro de largura, mas foi só uma interpretação minha. Por isso, não levem a mal porque, de facto, não sou engenheira civil. E parece-me que nunca nada de sinistro ali aconteceu (até ao dia....).

Mas é sempre interessante fazer destas experiências: misturar todos os conhecidos e amigos e, simplesmente, ver no que dá! Claro que o aniversariante, à página tantas, nem o próprio nome sabia. Mas isso são contingências previsíveis, tanto que existe um plano de emergência: há sempre alguém que, no dia seguinte, relata o que quase ninguém se lembra.

No início começam por surgir grupos, no fim do jantar já se trata tudo por primas e primos. Quer dizer...há sempre uns desgarrados, no qual muitas vezes me incluo... porque enquanto eu bebo 4 copos de sangria, o resto do pessoal bebe 10. É natural que, a dada altura, comecem a ver até o pai e a mãe. Eu só os vi, efectivamente, quando cheguei a casa.

Não vou mentir, também comecei a fazer brindes estranhos, tipo "aos lagartos pitosgas", mas não foi muito para além disso (não sei...! Não questionem...acontece!).

Mas graças a...qualquer coisa...lembro-me disso, por isso o estado não é considerado comatoso.

Mas o aniversariante até as prendas perdeu, para a angustia de quem gastou não sei quantos euros para lhe dar um 'miminho' (há mimos caros)...mas lá apareceram nas mãos de...alguém.

A dona do restaurante, ou gerente, ou seja lá qual for o estatuto da senhora, de um loiro de farmácia e dentes de cavalo, já chamava totó ao miúdo porque este andava atrapalhado com as contas. Mas queriam o quê? Com pouca ou nenhuma classe a senhora gritava "Oh André, tu és mesmo totó!", e olhem que o decibel estava elevado o suficiente para restaurante inteiro ouvir. Mas o André apenas sorria (é adorável o Dedé), enquanto pedia ao "Facadas" duas moedas de 10 euros (desculpa, mas tens tantos amigos com alcunhas tão diversificadas, que escolhi este), e no fundo ouvia-se alguém a pedir sangria COM batatas fritas. What a F**k?

Para alguém sair do respectivo lugar era uma verdadeira gincana; se havia alguém sentado numa ponta e se lembrava de querer ir à casa de banho, a mesa inteira tinha de se levantar, praticamente sair do restaurante, e dar passagem. Houve quem optasse por um número mais "homem-aranha" e andar pendurado do lado de fora da varanda, para haver menos distúrbios. Só não sei se a criança assustada que estava no piso debaixo achou muita graça à hipótese de levar com um gajo em cima a qualquer momento.

Seja como for, os bifinhos estavam óptimos, ou eu não estivesse esganada de fome…bem…na realidade, acho que nem sequer lhes senti o sabor de tão rápido que comi (de repente lembrei-me da cadela do meu irmão). Mas pagar 12.50 euros por dois pedaços de carne de vaca e 5 cogumelos a boiar num molho estranho, não me parece razoável. Sim, porque havia que dividir irmãmente a comida com as restantes 49 pessoas e, sendo assim, não houve hipótese de encher o bucho fartamente. Mas pelo menos confirmou-se de que todos aprendemos bem a lição dos nossos avós que nos dizem “No meu tempo… tínhamos de dividir uma sardinha em dez, eu e os meus irmãos... e olha, filha, ainda cá estou, com muita saúde, graças ao Senhor”.

Mas como todos sobrevivemos e estamos cá para rir das desgraças (não, o jantar não foi uma desgraça, não me interpretes mal), estas situações são fundamentais...TÊM de acontecer! Senão não tinha graça.

E, Mafalda, eu não contei ao André que deixaste cair sangria para cima do livro...acho que ele pressentiu! Não fui eu que contei...!



Ana Luelmo